terça-feira, 31 de maio de 2011

Curiosidade Epistemológica


“Curiosidade epistemológica”: um desafio para o ensino de Física
O trabalho do professor que opta por romper com a consciência ingênua é instigar a curiosidade dos alunos e a própria curiosidade em um processo investigativo. Isto é, que através de sua própria prática o aluno consiga produzir a compreensão do conteúdo ou do objeto em lugar de apenas recebê-la e depositá-la em sua mente. Segundo Freire (1987), o professor democrático deve, na sua prática docente, reforçar a capacidade crítica do aluno, sua curiosidade, sua insubmissão. O aluno não pode ser visto como puro objeto da educação, ao qual cabe ao professor transferir conhecimentos que não se modificam com a condição de tempo e lugar. Os conhecimentos ensinados em Física devem estar comprometidos com propostas de transformação social; para que eles possam contribuir com uma educação que vise à construção e vivência da cidadania pelos envolvidos.
Ainda, segundo Freire (2003), sem a curiosidade que nos torna seres em permanente Disponibilidade à indagação, seres da pergunta bem feita ou mal fundada, não importa não haveria a atividade gnosiológica, expressão concreta de nossa possibilidade de conhecer. Essa curiosidade não é aquela ligada ao cotidiano, desarmada, espontânea, mas, sim, aquela ligada à rigorosidade metódica, indagadora, crítica. Logo, o educador que possibilita a seu aluno ser cada vez mais criador e mais crítico em seu aprendizado poderá desenvolver nesse a sua “curiosidade epistemológica”. Portanto, a “curiosidade epistemológica” tem papel significativo no processo ensino aprendizagem, pois segundo Freire (2003; p. 78): Não é a curiosidade espontânea que viabiliza a tomada de distância epistemológica. Essa tarefa cabe à curiosidade epistemológica – superando a curiosidade ingênua, ela se faz mais metodicamente rigorosa. Essa rigorosidade metódica é que faz a passagem do conhecimento do senso comum para o do conhecimento científico. Não é o conhecimento científico que é rigoroso. A rigorosidade se acha no método de aproximação do objeto. A rigorosidade nos possibilita maior ou menor exatidão no conhecimento produzido ou no achado de nossa busca epistemológica.
Ainda, segundo o autor acima, o diálogo entre professor e alunos é fundamental para o desenvolvimento da “curiosidade epistemológica”. A relação dialógico-problematizadora é o selo do processo gnosiológico. É cheia de curiosidade, de inquietação. Para Freire (2003), dialogar não é tagarelar. Por isso pode haver diálogo na exposição crítica, rigorosamente metódica, de um professor a que os alunos assistem não como quem come o discurso, mas como quem apreende sua intelecção.
Analisando tudo isso, Freire (2003) se preocupa com o distanciamento entre prática educativa e o exercício da “curiosidade epistemológica”. Percebe-se nas escolas que o processo ensino-aprendizagem está dando lugar ao “... treino técnico dirigido para a sobrevivência num mundo sem sonhos. Nesse caso, o que vale é treinar os educandos para que se virem bem” (FREIRE, 2003). Por esse motivo, Freire (1996) comenta que a tarefa primordial do professor não deve se deter em apenas treinar os alunos, mas trabalhar os conhecimentos com rigorosidade metódica:
E esta rigorosidade metódica não tem nada que ver com o discurso bancário’ meramente transferidor do perfil do objeto ou do conteúdo. É exatamente neste sentido que ensinar não se esgota no ‘tratamento’ do objeto ou do conteúdo, superficialmente feito, mas se alonga à produção das condições em que aprender criticamente é possível. E essas condições implicam ou exigem a presença de educadores e de educandos criadores, instigadores, inquietos, rigorosamente curiosos, humildes e persistentes (FREIRE, 1996, p. 26). Segundo Freire (1996) é por meio de procedimentos metodicamente rigorosos que o conhecimento novo supera outro que antes foi novo e se fez velho e se “dispõe” a ser ultrapassado por outro, amanhã. Sendo assim, é tão fundamental conhecer o conhecimento existente quanto saber que estamos abertos e aptos à produção do conhecimento ainda não existente. Logo, para o autor, ensinar, aprender e pesquisar lida com esses dois momentos do ciclo gnosiológico: o momento em que se ensina e se aprende o conhecimento já existente e o momento em que se trabalha a produção do conhecimento ainda não existente. Na verdade, a curiosidade ingênua que, ‘desarmada’, está associada ao saber do senso comum, é a mesma curiosidade que, criticizando-se, aproxima-se de forma cada vez mais metodicamente rigorosa do objeto cognoscível, se torna curiosidade epistemológica (FREIRE, 1996, p.31).

Fonte:
PROPOSTA POLITICO PEDAGOGICA-Educação de Adolescentes, Jovens e Adultos
2001/2004 aprovado em sessão plenária em 22/06/2005. Resolução 140/2005)
FREIRE, Paulo e FAUNDES, Antônio. Por uma Pedagogia da Pergunta. Rio de Janeiro-RJ: ed. Paz e Terra, 1985.
Dicionário Paulo Freire: Pedagogia da Autonomia. São Paulo-SP: ed. Paz e Terra, 2003.


Curiosidade Epistemológica




O desafio da "epistemologia" é responder "o que é" e "como" alcançamos o conhecimento? O conhecimento sempre começa pela pergunta, pela curiosidade, Mas o que deve ser obra do sujeito é a passagem da curiosidade espontânea, ingênua para a curiosidade epistemológica. Isso só é feito com reflexão crítica sobre a prática. Quanto mais à reflexão crítica ajudar o sujeito a se perceber e perceber suas razões de ser, mais consciente está o tornado, mais está reforçando a curiosidade epistemológica, e assim, haverá condições para que ele seja sujeito autônomo. A curiosidade é o início de todo o conhecimento, que se substancializa pela ação do perguntar.Todo ser humano traz consigo esta disposição investigativa que sofre, contudo, perturbações de percurso, ora por admoestações do meio familiar em que vive o indivíduo, ora pela intervenção educativa formal que substitui a pergunta por respostas prontas, tratando todos como iguais. A pesquisa possibilita conhecer a novidade e contribui para que a curiosidade vá se tornando cada vez, metodicamente. Uma curiosidade epistemológica interessante é que As primeiras epistemologias foram às regionais que, muitas vezes, surgiram sob a forma de história da matemática, por exemplo. Foi Augusto Comte quem formulou, no sec. XIX, a primeira concepção generalista da ciência. Para este autor, as várias ciências são expressão da actividade do espírito humano, embora cada uma tenha a sua especificidade. Numa perspectiva regionalista considera-se uma ciência em particular como a matemática, a biologia, a sociologia, entre outras. Muitos filósofos nos dias de hoje negam que as questões filosóficas acerca do conhecimento tenham um caráter especial. Defendem que a epistemologia precisa de ser "naturalizada": quer dizer, aproximá-la de uma ou mais ciências, talvez da psicologia cognitiva.

Fonte:  Texto retirado de Problems of Knowledge: A Critical Introduction to Epistemology (Oxford: Oxford University Press, 2001), pp. 1-5.
http://www.pucrs.br/edipucrs/online/autonomia/autonomia/4.4.html

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Psicodrama, Gestalt Terapia e Abordagem Centrada na Pessoa

          Ao estudarmos psicodrama teremos que conhecer um pouco da estória de seu criador. Jacob Levy Moreno, foi criador do Psicodrama. Nasceu em 6 de maio e 1889,em Bucareste, na Romênia. Jacob era judeu e sua família veio da Peninsula Ibérica. Em uma brincadeira, aos cinco anos, ele estava sentado no trono de Deus. Entre caixotes empilhados sobre uma mesa e uma cadeira um de sseus anjos pediu que ele voasse. Pensaanddo ser possível ele tentou sem êxito. Acabou fraturando o braço e refletindo que ele é tãomortal quanto qualquer um.
            A partir da experiencia muitas outras ele procura se aproximar para ter uma visão mais abrangente do outro. Formou-se em Medicina mas sua paixão pelo teastro sempre foi muito forte. Cria o teatro da Espontaneidade em que não é precciso decorar falas. Mais tarde, por trabalhar anos em hospitais ele cria o teatro Terapeutico depois chamado de Psicodrama Terapeutico. Moreno falece com 77 anos e em sua lápide, alguns mencionam que ele pediu que estive gravado:
“Aqui jaz aquele que abriu as portas da Psiquiatria à alegria”
O médico romeno Jacob Levy Moreno criador do Psicodrama e do Sociodrama, é um exemplo de dedicação à investigação psicológica e social. Foi um homem de ampla cultura e forte idéias religiosas, filosóficas e amante do teatro. No Psicodrama desenvolve possibilidades manifestar significados afetivos e simbólicos que desencadeia nas relações sociais.
          Deseja-se nesse momento a indiferenciação do Eu e do Tu. A primeira etapa corresponde à técnica do duplo. A segunda é considerada como do Reconhecimento do Eu e terceira o Reconhecimento do Tu. A segunda é considerada a técnica do espelho e a terceira a técnica da inversão de papéis. A auteridade accontece verbalmente e gestualmente em momento em que assume como protagonista e depois antagonista. Definido segundo Moreno de “Encontro” – a relação que atinge tal grau de intimidade que leva ao estado existencial.
       No Psicodrama encontramos: conceito de espontaneidade-criatividade, a teoria dos papéis, a psicoterapia grupal como pontos básicos da sua teoria, tele (capacidade de se perceber de forma objetiva o que ocorre nas situações e o que se passa entre as pessoas), Empatia (tendência para experimentar o que sente a outra pessoa.), Co-inconsciente (vivências, sentimentos, desejos e até fantasias comuns a duas ou mais pessoas, e que se dão em "estado inconsciente".) e Matriz de Identidade (lugar do nascimento).

Gestalt Terapia
Existem vários significados para o termo Gestalt. É uma palavra de orgiem alemã associada ao processo de surgimento de figura–fundo. É a teoria sobre o campo percepstivo sob a forma de conjuntos estruturados a partir de que não podemos reduzir os fenomenos somente ao que é percebido.
Frederick Perls, judeu alemão comumente chamado de Fritz, o principal percursor da Gestalt-terapia. Gestalt-terapia que tem seu nascimento oficial marcado pela publicação, em 1951, do livro “Gestalt Therapy: Excitement and Growth in the Human Personality”, escrito por Frederick Perls, Ralph Hefferline e Paul Goodman. É uma abordagem psicológica.
            Também conhecida como Terapia Gestalt a Gestalt-Terapia, é uma abordagem psicológica que possui uma visão de homem e de mundo atrelada a doutrina holística, a fenomenologia e o existencialismo. Tem como foco central levar as pessoas a restaurar o contato consigo, com os outros e com o mundo priorizando o "aqui-e-agora". Acredita que o homem é capaz de auto-realizar e de desenvolver seu potencial. É considerada uma abordagem Humanista.
           Inicialmente baseada nas idéias da psicologia gestalt, a Gestalt-Terapia foi desenvolvida como modelo psicoterapeutico, sendo considerada uma teoria bem desenvolvida que combina abordagens Fenomenológicas, Existenciais, Dialógicas e da Teoria do Campo aliadas ao processo de transformação e crescimento humano. Uma das grandes inovações da Gestalt-Terapia é o fato de compreender o ser humano como uma totalidade, rompendo com as psicoterapias tradicionais, a Gestalt vê o homem no físico, mental e espiritual. Estas são esferas indivisíveis e interrelacionadas. Corpo e psiquismo são inseparáveis.
           A Gestalt-terapia tem como base várias teorias do conhecimento humano, entre elas, as mais utilizadas por Fritz Perls são: análise do caráter de Reich, a fenomenologia, a psicologia da Gestalt, a teoria organísmica de Kurt Goldstein, a filosofia existencial, zen budismo, a teoria do campo de Kurt Lewin e a Psicanálise.
Abordagem Centrada na Pessoa
Carl Ransom Rogers nasceu no dia 8 de janeiro de 1902 em Oak Park, Illinois nos EUA. Sua linha teórica é conhecida como Abordagem Centrada na Pessoa (ACP). Era psicopedagogo estadunidense. Um dos mais influentes pensadores americanos. Publicou 16 livros, dentre os quais se destacam: "Tornar-se Pessoa", "Um Jeito de Ser". Rogers é considerado um representante da corrente humanista, não diretiva, em educação. Rogers concebe o ser humano como fundamentalmente bom e curioso, que, porém, precisa de ajuda para poder evoluir. Eis a razão da necessidade de técnicas de intervenção facilitadoras.
             Na educação Carl Rogers aparece como um precursor do movimento de uma filosofia da educação, uma teoria da aprendizagem, uma prática baseada em pesquisas, uma tecnologia educacional e uma ação política. Formado em História e Psicologia, aplicou à Educação princípios da Psicologia Clínica, foi psicoterapeuta por mais de 30 anos.
Os principais aspectos da abordagem de Carl Rogers:
         A terapia nada mais é que a ajuda para a libertação do cliente em sua busca natural para o crescimento e o desenvolvimento normais. Maior ênfase aos aspectos afetivos e existenciais, que são muito mais potentes que os intelectuais.
        Grande ênfase no relacionamento terapêutico em si mesmo, que constitui um tipo de entidade orgânica que se forma a partir do encontro entre terapêuta e cliente e que, em si, traz uma forte força para a experiência de crescimento de ambos, cliente e terapêuta.
Rogers, portanto, entende a terapia como um processo que leva uma pessoa a descobrir as nuances de seu próprio dilema com o mínimo de ação por parte do terapêuta, que funciona como um espelho para o cliente. A terapia é "a liberação de capacidades já presentes em estado latente.
         
        Dedicação à dinâmica da psicoterapia de grupo. Rogers compreendeu profundamente que os indivíduos em um grupo deixam-se envolver mais fortemente por um clima terapêutico, e que o grupo, em si, é um organismo, um sistema auto-regulador, onde cada indivíduo é parte fundamental constituinte do todo, ao mesmo tempo que também é um todo em si.